quarta-feira, 25 de abril de 2012

Síndrome de Aline, o amor à três pode dar certo?


Recomenda-se ler a sinopse de Aline antes de entrar no Controverso de hoje.


"Ame pessoas, ame o sentimento bom de se sentir amado."

Por Patrick Moraes

Pra começo de conversa eu apenas queria traduzir isso tudo assim, como Fernanda Young sabiamente disse em As Dores do Amor Romântico: "Preciso deixar nós dois para trás e ser somente um". Não, eu não defendo a solidão, mas, antes de tudo, eu defendo o amor. E digo mais, amor não é encontrar no outro a metade da laranja, alguém com quem se possa dividir a vida, ou melhor, "encontrar a pessoa certa". Não, amor não é fundir-se a ponto de se tornarem apenas um. Amor é adequar realidades, desejos, momentos. E que o adequar não venha necessariamente com contrato de posse e exclusividade.

Não preciso me sentir em um filme cool francês para dizer que é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo. Mas preciso dizer que para conseguir viver, assumir e sentir essa parte gostosa de um sentimento com duas pessoas, mesmo que em intensidades diferentes, é preciso despreender de aspectos culturais tão antigos que seria necessário no mínimo um livro para descrever! Esses resquícios culturais ocidentais fazem parte do que chamam por aí de amor romântico, conceito tão velho quanto os clássicos de Hollywood e os exemplos típicos do casal de mocinhos de todas novelas globais.

Não vou dizer que a vida é tão simples como a relação de Aline, Oton e Pedro. Viver um relacionamento a três é missão árdua quando a gente se vê ainda preso em um modelo conservador de amar, com todas aquelas sensações de ciúmes, possessão e traição. Mas por que não poder amar duas pessoas? Você foi obrigado a escolher entre amar seu pai e sua mãe durante a infância? E, no fundo, será mesmo que os casamentos com o tão falado contrato de exclusividade funcionam ao pé da letra ou aos olhos dos outros?

Quer saber, se amar fosse cobrança e aquele conceito imbutido nos moldes sociais tradicionais de fidelidade, o gerente do meu banco seria o próximo a subir no altar! Ame pessoas, ame o sentimento bom de se sentir amado. Quanto ao manual cheio de regras sobre o amor que te fizeram acreditar, joga ele fora e escreva um só seu.


"Aventura, sexo casual, isso tudo pode ser qualquer coisa, menos amor."

Por Lailla Mendes

Não existe um conceito de amor ideal. Aliás, até existe, mas não se aplica a todo mundo, já que nem todo mundo segue aos mesmos preceitos. Então, porque não dizer que uma pessoa pode amar 2 pessoas ao mesmo tempo? Olha, acho tenso. Muuito tenso. Não só por questão de ciúmes, e desses pequenos detalhes que o “amor” tem, mas é que a gente tem um só coração. Não podemos partir em 3 partes, porque, geralmente, sobra tecido e falta pulsação.

Aponte um caso de amor a três que não resulte em sexo sem compromisso e dor de cabeça depois. Aventura, sexo casual, isso tudo pode ser qualquer coisa, menos amor. E mesmo que seja “amar” um às quatro, e o outro as seis, é complicado demais lidar com 3 vértices de um mesmo triângulo. Existe a possibilidade de um saber e outro não, dos dois saberem e não se importarem (ou fingirem não se importar) ou de um não fazer ideia do outro e você seguir a vida até a bomba explodir. É muita coisa pra lidar, muita complicação, que a nossa medíocre mente humana não suporta, pelo menos não por muito tempo.

Pare de fingir que você vive num filme francês, numa música indie e que dá pra resolver problemas de amor como equações de matemática. Se já é complicado demais se relacionar a uma pessoa, pra quê gastar seu tempo em energia com duas pessoas cujos sentimentos não controlamos com controle remoto? Eu, sinceramente, não acho que seja possível gostar de duas pessoas ao mesmo tempo. Quer dizer, platonicamente é possível sim, mas não é disso que estamos falando, não é mesmo? Pode tentar dar uma de superior e dizer ‘sim, é possível’, mas quando não der certo não venha reclamar do tão temido “Eu te avisei”.
 






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