Podem até dizer o contrário, mas na particularidade de cada um, um dos maiores desejos do homem – e digo o homem enquanto espécie – é encontrar alguém pra dividir a vida e nunca mais largar, feito pinguim ou cavalo-marinho. Nenhuma pesquisa baseia meu pensamento, também tenho a convicção de que ele não se aplica a todas as pessoas, mas não é de hoje que partir em busca de uma companhia afetiva para um relacionamento sério e duradouro se tornou algo de suma importância na vida das pessoas.
Se antes cabia à família estabelecer os encaixes amorosos e “arranjar” os casamentos dos seus jovens, há um bom tempo eles aprenderam a “botar sua parada para jogo” e ir atrás, eles mesmos, da sua metade da laranja das formas mais diversas. No século passado, e ainda nesse, vimos programas de TV no papel de cupido, na esperança de saber dos seus alvos em questão se era namoro ou amizade, se rola ou enrola. Pode ser que a exposição em rede nacional soe desesperadora, mas a perspectiva de uma vida solitária grita desesperadamente no íntimo de muita gente.
Agora, em tempos de redes sociais, smartphones com tecnologia 3G ao alcance das mãos e em qualquer lugar – a depender da boa vontade das operadoras de telefonia, claro – e aplicativos diversos de interação interpessoal, a forma de procurar e demonstrar interesse pelo par perfeito mudou: seja por um like naquela foto publicada meses atrás, uma cutucada com terceiras e quartas intenções, um deslizar de dedo e uma nova combinação formada no famoso Tinder. Em meio a tantas inovações não só o modo como procuramos, mas também o modo como enxergamos o outro mudou. O Tinder, por sinal, é exemplo de como – por puro “capricho” – transformamos nossas “possíveis” almas gêmeas em mercadorias, e agimos como numa situação de compra e venda, trocas e encomendas vez ou outra com algum retorno.