Tati Bernardi escreve. Assim defino o trabalho dessa paulistana que traduz a si própria em textos e livros sobre desilusões, angústias, constrangimentos, cotidiano, seu egoísmo, sua vontade de amar, alguns de seus amados e sobre os traídos – ela já confessou ter sido infiel a todos os namorados citados em A retrospectiva dos idiotas, de 2006.
Autora de quatro livros (A mulher que não prestava, A menina da árvore, Tô com vontade de uma coisa que eu não sei o que é e A menina que pensava demais: diário de uma ET), incontáveis textos publicados em revistas (seus trabalhos já foram vistos na TPM, na TRIP e na Alfa) e roteiros de TV (a novela A Vida da Gente, a série Aline e o programa Amor e Sexo da Rede Globo têm contribuições dela), Tati vem da publicidade em que trabalhou por quase 10 anos. Depois de achar o emprego e a vida na agência muito chatos e compulsivos, resolveu pedir demissão e passou a escrever sobre si mesma.
Desde então, Tati Bernardi tem angariado fãs que mandam emails longos – disse ela certa vez – falando de identificação com suas crônicas, disponibilizadas em seu site, e de como Tati relata exatamente o que elas (80% do seu público é feminino) gostariam de dizer, mas não sabem como. Sua escrita é feroz (leia Odeio este texto), profunda em alguns termos e traz muito sobre as relações interpessoais (confira Periférico), ora tratadas em primeira pessoa (veja Nem vinte), ora como alguma personagem que Tati inventa para acabar falando de si mesma, como no texto A viagem de Tato.
Com tudo isso, a escritora se apresenta de forma grandiosa mesmo que seus relatos soem egoístas, como rasas experiências de uma mulher mimada ou de uma hipocondríaca descontrolada em busca de um macho que a faça feliz. De fato, Tati é tudo isso – e não se envergonha, não se diminui e nunca esconde nenhum desses aspectos em seus trabalhos que criam uma relação imensa entre o sentimento e as frases que solta.
Capas dos primeiros livros de Tati Bernardi