sábado, 21 de dezembro de 2013

Primitivo no estilo, J. Murilo é grandioso na expressão

Parte do quadro de J. Murilo que retrata as festas tradicionais da Bahia

Com a simplicidade expressa em cada tela e o caráter bastante intuitivo da arte primitiva (ou arte naif, termo que surge para identificar a obra de Henri Rousseau), o legado artístico de J. Murilo encanta justamente pela espontaneidade em fazer arte longe das academias. Como parte das expressões artísticas do Natal da Cidade, em Vitória da Conquista, o Memorial do Reisado expõe, esse ano, as obras desse artista meio mineiro, meio baiano.

Nascido em Cordisburgo, cidade interiorana de Minas Gerais, o artista plástico viveu os últimos anos de sua vida em Conquista. Sempre trazendo retratos e expressões visuais do interior, J. Murilo faz uso de cores primárias, sem tantas misturas ou nuances em suas telas. Além disso, o excesso de elementos sem perspectivas no quadro é visível nas telas expostas em duas salas do Memorial.

Como parte da homenagem ao artista, Victoria Vieira, cenógrafa e uma das responsáveis pela elaboração do Memorial, criou uma escultura com referências ao trabalho e a vida de J. Murilo. As cores primitivas, as referências às grutas de Cordisburgo e a ausência de equilíbrio nas dimensões das peças traduzem o que há de mais encantador no trabalho do artista: a expressão de um sentimento puro. A instalação contou com a colaboração na execução do artista plástico Marcelo Viana.

Escultura feita por Victoria Vieira em homenagem a J. Murilo

Entusiasmada ao falar da escolha de J. Murilo como artista homenageado desse ano, Victoria destaca o quanto é especial ver a expressão grandiosa do mineiro através da natureza e da simplicidade. “Sua arte não tinha o requinte de um artista acadêmico, mas conseguia comunicar com o povo e isso é muito bacana. Me emocionei muito fazendo esse trabalho, essa pequena escultura, tão simples, mas que expressa o meu muito obrigado a ele e a tudo que ele nos ofereceu”, nos conta a cenógrafa.

A exposição é gratuita, aberta a toda comunidade e pode ser conferida no Memorial Régis Pacheco, localizado na Praça Tancredo Neves. 

Fotos: Kelvin Yule

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