A Dica de Quinta desta semana tem uma indicação bem interessante e apimentada para você, leitor do Portal que gosta de boa literatura sem pudores! É “A Casa dos Budas Ditosos” de João Ubaldo Ribeiro. Ele mesmo, o autor membro da Academia Brasileira de Letras que escreveu “Viva o povo brasileiro”, aquele livro fichinha em provas de vestibulares. Porém não vá já julgando a nossa indicação como tradicional ou até mesmo chata. De uma forma muito diferente, esse livro se destaca por sua temática e linguagem.
“A Casa dos Budas Ditosos” é narrado em primeira pessoa por uma mulher, que segundo o autor, foi a verdadeira escritora da história. Ela teria lhe enviado um pacote com a transcrição datilografada de várias fitas, contando um relato verídico de sua vida. João Ubaldo explica tudo isso logo no início do romance e deixa pairando no ar a dúvida se foi realmente isso que aconteceu ou se foi apenas parte de sua genialidade ao escrever a trama.
CLB, de 68 anos, nascida na Bahia e residente no Rio de Janeiro, conta ao decorrer do livro toda a sua (extensa) vida sexual, nunca se privando dos prazeres da carne, mesmo que aos olhos dos outros não fosse certo. Sendo culpa um fator jamais presente em sua consciência, a senhora devassa nos mostra como soube explorar as infinitas possibilidades do sexo, apreciando bastante as experiências.
Imagino que você deve ter ficado curioso com o título, o que tem a ver com a história de libertinagem sexual? Segundo a narradora, existia um templo milenar chinês, chamado a Casa dos Budas Ditosos, onde os casais de noivos iam para passar a mão nos órgãos genitais das estátuas dos budas. A tradição dita que essa seria uma forma de já ir se familiarizando com o sexo para a introdução de um casamento virtuoso na cama!
Lançado em 1999 como parte da Coleção Plenos Pecados, representou o pecado capital da luxúria. Sua narrativa nem um pouco comum e por vezes chocante, além de trazer muita ousadia, é extremamente engraçada, de uma forma irônica e apimentada. “A Casa dos Budas Ditosos” promove reflexões sobre religião, relações humanas e a sociedade, no que, por fim, se torna um grande retrato sociológico de toda uma cultura e uma geração.