Você está absurdamente interessado nele, o jeito com que ele pega no cabelo, a forma como sorri, aquela banda desconhecida que ele te apresentou, o convite para conhecer um barzinho delicioso. É, parece que ele está interessado em você também, nos teus olhos, na forma como você olha hipnotizada e ele te retribui com um sorriso tímido. Mas pera aí, ele quer mesmo uma paixão ou apenas te ter como amiga e você é quem imaginou mais do que deveria?
A dúvida, ou talvez a vontade se sobrepondo ao que está bem em frente a você, é o que vive os amigos Francis e Marie em Amores Imaginários (Les Amours Imaginaires). O filme francês de Xavier Dolan, lançado em 2010, traz o drama dos amigos que conhecem Nicolas, um garoto recém-chegado do interior, que se muda para Montreal. Entre saídas, conversas e sucessivos encontros, Francis e Marie se pegam idealizando fantasias obsessivas em torno de seu objeto de desejo: Nicolas.
Até aí o filme parece trazer um roteiro comum. Mas o longa é uma mistura estética fantástica. Logo no começo nos é apresentado alguns monólogos de pessoas fora do núcleo narrativo central. Cada uma delas confessa situações embaraçosas vividas pelos amores platônicos ou mesmo pela falta de sintonia quando falamos de intensidade na relação.
A trilha sonora é charmosa, bem como as cenas em slow motion, que traz um conceito de nostalgia bastante forte, além de estimular no público uma espécie de constrangimento pela forma estúpida como o amor pega tanto Marie quanto Francis. O figurino é bem construído, remontando um cenário clássico com peças vintage. A fotografia é belíssima, como nas cenas pelas ruas ou mesmo na luz dos momentos em que o casal de amigos vivem outras relações sexuais.
Fotografia construída com luminosidade alternado nas cores primárias e no verde. |
No fim, será que mesmo com todo o desenrolar de uma história e das decepções vividas, não somos ainda os mesmos estúpidos que cultivam o amor cegamente? Talvez você precise prestar atenção aos detalhes dos Amores Imaginários para descobrir.