Julia Roberts como a madrasta malvada. Boa escolha? Talvez. Mas nem só de astros milionários vive o cinema, e Julia Roberts por Julia Roberts... Entenda, é um filme engraçado. Não pra gargalhar, nem pra colar o poster na parede, mas dá pra se divertir um pouco. Lily Collins, que já havia aparecido em Um sonho possível e Sem saída, aparece agora como a princesa da pele clara e cabelos negros, mas não curtos como a gente já imagina; Pelo contrário, seus cabelos são longos e um dos elementos que mais provocam a ira da rainha má.
Esqueça da história que te contaram quando criança. E se os anões, em seu imaginário, são duendezinhos 'fofos' com nomes engraçados, fofos são exatamente o que os anões de Espelho, espelho meu não são. São marginais, reacionários, ladrões, que vivem a atormentar a vida do "príncipe salvador da pátria" e de Brighton, o faz-tudo da Rainha. Brighton, aliás, interpretado pelo sempre pontual Nathan Lane, é um dos motivos desse filme não ser tão patético quanto poderia; além de apenas Timothy Spall (que interpreta Perebas em Harry Potter e Nathaniel em Encantada), não haveria escolha mais acertada para esse personagem que, apesar de status de secundário, é quem faz parte de quase toda a ação do filme.
Vamos agora a protagonista: Lily Collins, sim, a filha de Phil Collins que quer trilhar a própria estrada. Não, sua atuação não é impecável, mas nem é de tantas críticas assim, afinal o carisma necessário para interpretar a personagem ela tem, mas o que falta talvez seja um pouco de ousadia, ou uma palavra mais apropriada: experiência. O príncipe, ah, o príncipe! Armie Hammer lindo, como tinha de ser, e com uma atuação de responsabilidade que não se abala nem com a currículo de Julia Roberts e Nathan Lane.
Agora, Espelho, espelho meu não é uma adaptação como as outras, e isso é ruim. Caso não fosse as poucas referências ao espelho mágico e ao nome da própria Branca de Neve, podia se passar como uma outra história sem problema algum. Até a maçã, símbolo importantíssimo do clássico, é só um elemento a mais na trama, mas que não afeta o rumo da história.
Dizer que Espelho, Espelho meu é o melhor remake das histórias infantis é uma mentira deslavada e uma falta de respeito aos que se propõe a atualizar as histórias que fomos acostumados em nossa infância. Ele não se decide se é um desdém ou uma adaptação muito mal aproveitada, com elementos demais para uma história simples. Não, não é um filme ruim, mas é tão perdido que deixa a gente em dúvida se achou tudo uma babaquice ou se valeu a pena pagar o ingresso/filme pirata/conta de luz pra fazer o download.