A calcinha ficou marcada na trajetória de Wando junto aos sucessos "Fogo e Paixão" e "Moça". |
A receita do dia é aprender o bom e velho brega musical. Preste atenção e anote. Pegue uma letra bem romântica, acrescente rimas e palavras simples, coloque uma dose caprichada de apelo sentimental e uma melodia pegajosa e pronto, é só jogar no som que vai ser sucesso!
Bem, não é tão simples assim. Mas vai dizer que você nunca curtiu aquilo que muita gente considera de mau gosto? Ninguém sabe exato de onde surgiu, nem como surgiu, reza a lenda que a palavra “brega” veio dos prostíbulos nordestinos e embalavam os romances de aluguel pelas bandas de cá.
“Eu não sou cachorro não”, “Você é Doida Demais”, “Garçom” e tantos outros hits do brega podem ser tidos como a raiz mais conhecida do gênero musical visto como cafona. Logo depois, com a influência da era disco e da pop music, o brega brasileiro ganhou uma cara mais Magal, com “Sandra Rosa Madalena” e bem mais sensual (?) com “Conga La Conga”.
Sucesso na década de 70, "O meu sangue ferve por você" e "Melô di Piripipi" tornaram-se clássicos. |
Só no começo de 90 que realmente o brega foi visto com olhos mais especiais por artistas considerados “cult” na cena musical. Sabe aquela música adorável gravada por Caetano em “Lisbela e o Prisioneiro”? Pois é, os versos “e agora, que faço eu da vida sem você?” nada mais é que um grande clássico do brega de Fernando Mendes. Até Los Hermanos, mais recentemente, gravou “Eu Vou Tirar Você Desse Lugar”, de Odair José, em uma versão capaz de fazer muito “fã indie” nem desconfiar suas origens.
Divulgações do Brega Naite |
No Pará, o tecnobrega é sucesso desde o início de 2000. Além da música eletrônica, o carimbo, lundu e calypso são outros gêneros incorporados ao brega que fervem nas noites paraenses. A banda Calypso e a atual queridinha do Brasil, Gaby Amarantos, são exemplos mais populares desse eixo. Até São Paulo se rendeu a batida do tecnobrega com a estourada “Me Libera”, da banda Djávu com DJ Portugal.
Apresentada como Beyoncé do Pará, Gaby está na trilha sonora de Cheias de Charme |
Na verdade, os gêneros queridinhos e sustentados pelo “cool style” são sempre manifestações culturais tidas como marginais e sem valor estético em alguma época passada. O jazz, o samba, o soul e tantos outros estão aí provando que não adianta afogar um gênero por ele ser popular. Inevitavelmente ele ressurgirá em uma onda bem mais forte. Então, fica a dica: antes de tudo, consuma música e não estilos.