[Texto com Spoilers]
Sem muitos hits atuais do pop e com um montante de lembranças que ficou guardado pelos tão apaixonados gleeks. Foi com um Goodbye escrito na lousa do Clube Glee e uma memória da primeira apresentação há duas temporadas, que o episódio final da terceira temporada começou e, com todos os adeus sendo distribuídos sucessivamente, o que mais poderíamos esperar era emoção.
Teve Kurt com a lição de aceitação própria e amenização do preconceito em um contexto tão propício aos julgamentos – o colégio. Teve Burt em uma apresentação de “Single Ladies” retomando o momento crucial da história gay na série e mostrando o quanto Glee sempre esteve engajada em estreitar laços familiares e amenizar problemas sociais constantes quando o assunto é sexualidade.
Acrescento nessa onda de sexualidade a história de Santana, que “ganhou” uma mãe no episódio final com direito à aceitação que não teve de sua “abuela” (avó). É justamente na personagem de Naya que aponto minha principal crítica: por que não aproveitar as apresentações solo de Santana já que ela foi o elemento capaz de salvar a temporada? Sim, não há como negar que “Smooth Criminal”, “La Isla Bonita” (com Ricky Martin) e os mashups “Survivor / I Will Survive” e “Rumour Has It / Someone Like You” entram fácil na lista de melhores gravações da temporada.
Outro ponto chave é a malvada loirinha líder de torcida que, depois de tantos “desastres” vividos, simplesmente torna-se uma pessoa melhor. Mas será mesmo que Quinn regenerou-se? É justamente dela que vem meu apontamento sobre toda a série: no fim somos também bons ou no fim nos tornamos completamente bons? Glee me soa sempre piegas quando insiste no “socialmente correto e bondoso” conto de fadas para os finais felizes.
Talvez Rachel e Finn tenham tido o final menos esperado, mas Ryan precisava de histórias para a próxima temporada. Já era de esperar que o casal principal – e mais boring de todos – não terminasse junto e romântico no apartamentozinho em Nova Iorque. A cena de despedida foi tão longa que acabou refletindo em toda a história irritantemente adolescente dos dois (e sim, não precisam me dizer que Glee é uma série adolescente). Particularmente, Rachel dando Goodbye a todos na janela do trem soou tão mais interessante que todas as lágrimas dentro do carro e todos os excessos de amor e gritos de “não me deixe, eu quero estar com você”.
Glee, que desde o primeiro episódio defende as diferenças e as possibilidades de sermos brilhantes em um hino “born this way”, encerrou o terceiro ciclo da mesma forma em que ele foi acontecendo: bem morno. Mesmo que mostrando os fracassos e sucessos dos sonhos, fica o desejo de uma quarta temporada onde as histórias sejam tão atraentes quanto os covers.
[+] Senti falta de Sebastian mais presente na temporada, assim como da presença efetiva dos ganhadores do The Glee Project – tornaram-se tão figurantes que qualquer jogador de futebol americano faria mais sentido na sala do coral.