sábado, 21 de dezembro de 2013

Luiza Possi mostra amadurecimento em 12 anos de estrada


De botas pretas e um visual “soft rock”, Luiza Possi trouxe para o palco do Natal da Cidade, em Vitória da Conquista, uma intérprete madura e cheia de visceralidade. Sucessos de sua carreira em arranjos mais encorpados e clássicos de Michael Jackson, Zeca Pagodinho, Raimundos, Chico Buarque e até de sua mãe, Zizi Possi, fizeram parte da apresentação. 

Antes do show, a cantora bateu um papo com nossa equipe e falou sobre o amadurecimento de sua carreira, a participação em realitys shows musicais e as novidades de seu trabalho. Confere só!

Doze anos oficiais de carreira. Da menina que cantava pop até a mulher que interpreta nomes consagrados da música. Como você vê esse amadurecimento?
Eu cresci aos olhos nus de todo mundo. Não existe, na profissão da gente, nenhuma mudança que ocorre em minha vida que não ocorra no palco, no show, no CD, no DVD, no trabalho, no tato, no jeito, no olho. Claro que meu crescimento foi focado na música. Sempre pensei “vou crescer musicalmente, vou me aprimorar como compositora, como instrumentista, como cantora”.  Sou fuceira – adorei esse nome, acabei de inventar (risos) –, sou olheira de compositores novos, do que está rolando, do que está acontecendo. As pessoas acham que porque eu sou filha da minha mãe a luta é menor. Mil vezes maior e é só minha. Depois de doze anos de muita luta, muita mesmo, olhar e falar “pô, eu estou construindo uma história que eu tenho orgulho” é muito bacana. É maneiro, sabe?!

Como é fazer um show no Natal da Cidade, em praça aberta, para um público mais diversificado?
Quando vai chegando o fim do ano, a gente vai criando mais consciência do amor ao próximo, a gente vai tendo um sentimento de ternura, de abraçar, vontade de ficar perto. Cada show nessa época do ano é mais emotivo, é mais sensível, é mais sentimental. A gente vai com mais amor ainda. Meu grande intuito quando eu subo no palco é passar todo o amor possível, o amor maior que eu. Mas, nessa época, esse amor vem mais forte e aí culmina com essa oportunidade de juntar e dar acesso a todas as pessoas a outro tipo de cultura, que já foi chamada de MPB por ser popular, e hoje não é mais um segmento popular. A gente não sabe o que vai encontrar, se as pessoas estão preparadas, estão afim, conhecem ou não conhecem. Eu sei que eu estou muito afim e vim com tudo de melhor para dar.


Você fez parte da bancada do Ídolos e, atualmente, participou como assistente no The Voice Brasil. Com uma carreira sólida, como você enxerga essa nova geração musical que vem surgindo?
Doutorado em reality show de música (risos). Eu me preocupo muito que eles não se deslumbrem, porque essas coisas são muito sazonais. Um dia as pessoas te amam, no outro elas falam “qual seu nome mesmo, querida?”. Isso é com todo mundo, acho que menos com a Ivete (risos). Em qualquer época da vida isso acontece. Me preocupo de isso subir a cabeça e eles acharem que vai ser assim pra sempre. Me preocupo com espaço e por isso é tão legal existir esse espaço aqui: público, aberto, criando esse elo entre público e artista. Onde esses caras vão tocar, bicho, se não for funk, pagode ou axé? Maneiro ter espaço para o funk, pagode e axé, super danço. Mas, tem que ter espaço para os outros segmentos, sabe?

Há chances de ano que vem a gente te ver virando a cadeira?
Não sei, meu bem. Eu tenho um pouco de medo disso, porque isso seria tomar o lugar de alguém e eu não quero isso. Isso não é bacana. Só se as coisas forem muito naturais, se não, corre o risco de ser ruim pra mim, não ser uma coisa boa.

Luiza abre o show com sua guitarra e a interpretação de "O Portão", de Erasmo e Roberto Carlos

Intérprete de clássicos, mas, sobretudo, intérprete de sentimentos, o que você entrega de novo em seu novo disco “Sobre o Amor e o Tempo”?
Todo mundo sempre falou “Seu disco atira para todos os lados. Tem pop, tem rock, tem num sei o quê” e isso ficava muito em minha cabeça. Pô, realmente, no dia que eu quiser chegar em um lugar, eu preciso saber onde eu quero ir, focar e ir. Fui sacando o que é mais legal do meu show, qual parte é mais emocionante pra mim, pro meu público. Tem a coisa do cancioneiro, mas tem a virilidade, o rock’n’roll, a coisa arrrrrhh, e isso nunca teve em disco. Isso era só “nossa, vejo o show e é tão diferente do disco, é tão melhor”. Então, eu quis traduzir em timbres, em instrumentação, em tudo isso, um disco como eu me vejo no palco, como as pessoas me veem no palco. 

Para terminar, indica aos leitores do Todavia algum artista novo que você tem ouvido bastante ultimamente.
Estou ouvindo um sergipano chamado Paulo Monarco, os discos maravilhosos de Pedro Altério e Bruno Piazza e o de Pedro Viáfora. E tem Márcia Castro, que é de Salvador, minha amigona, e fez um disco lindo agora, que vai sair ano que vem.

"Somewhere over the rainbow" foi interpretada debaixo de chuva

Confira mais fotos do show na fanpage do Portal.

Fotos: Kelvin Yule

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