segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Papo de Menina - Mudanças são ingredientes


Foto de Christina Santos

Arrisco viver em um mês o que muitas pessoas, normalmente, vivem em doze. Acredito nas mudanças como fonte de evolução dos seres. Prova disso foi o meu último ano.

Viajei por 3 países e 10 estados, morei em 4 apartamentos e com 13 pessoas de culturas e países completamente diferentes. Falei 3 línguas quase diariamente. Morei em Boston, uma das cidades que deu início à história dos Estados Unidos e conheci Santo Domingo, primeira sede colonial do Governo espanhol no Novo Mundo. Experimentei receitas (e cervejas) provenientes de todo o mundo e até vi performance de samba em cima de mesas cubanas. Estudei na Harvard Square e fiz do Starbucks o meu escritório. Posso escutar os sons dos cafés italianos embalados por violino e sanfona, ver os casais idosos dançando jazz, as mães que levavam os bebês pra aula de Ioga e sentir o sabor dos deliciosos diners americanos. Não sei onde fui mais aventureira, numa trilha às 3 da manhã em floresta de ursos ou na insana contagem regressiva da Times Square.

Claro, paguei alguns preços pela alma desbravadora. Vi uma anfitriã cortar minha internet e jogar minhas roupas no chão, fugi de assalto, fui enganada por site de anúncios e o pior... assisti ao atentado de Boston acontecer, assim como SWAT e FBI nas ruas de Cambridge. Em contraponto, presenciei momentos de superação que me motivaram a criar novas formas de encarar desafios. Ajudei a reunir 1.500 brasileiros como apoio às manifestações do Brasil e estive no histórico dia em que um auditório inteiro do MIT falava Português no I Simpósio da Comunidade Científica Brasileira na Nova Inglaterra.

Mudanças são, deveras, uma necessidade e não precisamos somente de viagens para tal. Acredito nelas como processo de complemento. Mudar não elimina; mudar adiciona. Precisamos conhecer novas coisas e pessoas todos os dias para entendermos, remodelarmos, ajustarmos a nós mesmos. Encontro-me para encontrar o outro e preciso do outro para encontrar-me. Tudo é um ciclo.

Que tal fazer amizade com o tempo e ser mais criativo a partir de agora? Arrume as malas, transforme o emprego chato ou monte o seu próprio negócio. Você trabalha para viver! Se você está trabalhando e não consegue viver, tente reavaliar a sua posição. Arrisque em algo inovador para a sua cidade que ganhe força e importantes resultados. Saiba encarar problemas; transições não são fáceis, por isso planejar é importante, para ter consciência dos gargalos.


Há tantas portas abertas ou fechadas esperando alguém rodar a chave. Neste novo ano, organize as suas finanças, monte um calendário de trabalhos voluntários para 2014 e outro de viagens. Escreva no papel metas de curto, médio e longo prazo para cada sonho. E seja resiliente ao longo prazo.

Lá no começo, o meu sonho era morar somente em São Paulo. Fui reprovada por muitos da família, principalmente por medo do que poderia acontecer a mim. Consegui emprego na metrópole, separei o dinheiro que precisava, comprei minhas passagens e fui fazer parte dos 20 milhões de habitantes. Pouco depois, as vontades aumentaram e viajei para Boston. Com certeza, arrisquei dessa forma por não imaginar que, em uma das inusitadas moradias, dividiria um só banheiro com mais 5 pessoas. Brincadeiras à parte, os medos existirão para todas as mudanças; devemos saber como encará-los. Sou a favor de encarar qualquer medo diante da busca pela satisfação pessoal.

E se você me disser que amanhã deverei começar tudo de novo. Responderei, com frio na barriga: “Feliz 2014!”. Já contei que sou aventureira?


Ofereço todas as belas lembranças às incríveis amizades que fiz pelo caminho e à minha família que esteve sempre, e literalmente, conectada.

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