sábado, 30 de novembro de 2013

Lulu: porque falar deles pode ser apenas divertido


“- Não, o beijo dele não encaixa. Ele não sabe usar a língua, gente!
- E aquele outro, que tem uma pegada broxante? Diferente do loirinho lá da faculdade.
- Namorar? Só se você estiver louca. Mó galinha ele, amiga.”

Não muito diferente do que rola nas conversas entre amigas (com amigos gays infiltrados, por que não?), avaliar os meninos que já passaram pela sua listinha de ex casinhos (nem sempre) de amor é uma prática absurdamente comum. Se o Clube da Luluzinha fosse vigiado e exposto, agora ele teria nome e estaria disponível oficialmente para todas as meninas conectadas nos Estados Unidos e, em breve, no Brasil: Lulu, o aplicativo da vez.

Ainda em fase de teste aqui nas terras tupiniquins, a repercussão foi tão grande quanto o nível de criatividade na hora de criar hashtag nos perfis. O aplicativo é bem simples de mexer, mas apenas meninas podem ter acesso. Lá, cada garoto cadastrado no Facebook tem um perfil e pode ser avaliado em questões como o beijo, o primeiro encontro e até mesmo o desempenho sexual do dito cujo.


Mas não se engane, todo aplicativo só faz sucesso quando a prática em torno dele vem de um hábito social. A curiosidade em saber o que se passa na vida das pessoas próximas é um dos motores do Facebook, assim como foi um dia com o Orkut. O desejo contemporâneo pelo imediatismo das informações faz do Twitter uma das melhores redes para troca instantânea de informação rápida. O Instagram é fruto de uma geração que gosta do exibicionismo e tem encontrado no mundo virtual uma forma de legitimar o cotidiano através do compartilhamento de pratos de comida, dias de treino na academia ou mesmo aquela balada cobiçadíssima no final de semana. Lulu é apenas o reflexo de conversas em encontros triviais de amigas ou em noites do pijama, só que públicas.

Em pouco mais de um dia, o aplicativo cadastrou mais de 19 mil mulheres

A questão é que toda a vitimização machista aparece justamente em um momento em que o “Porn Revenge” ganha uma dimensão midiática gigante. Enquanto mulheres têm seus vídeos de sexo espalhados na rede e, consequentemente, suas vidas privadas e profissionais totalmente devastadas por conta de ex-namorados babacas, não dá para levar a sério a ideia de que os homens se sintam ofendidos porque recebeu média 5 no Lulu. É, caros meninos, está na hora de reavaliar o discurso da coisificação e exposição da imagem, afinal, bom senso DEVE ser critério, sem qualquer distinção sexista, por favor.

O papo de coisificação do homem (que tem a opção de remover seu perfil do Lulu) soa um tanto quanto exagerado, assim como não vejo o aplicativo como uma coisa que deva ser levado tão a sério. Afinal, você deixaria de sair com um cara porque tem #MaisBaratoQuePãoNaChapa ou #AmigoDaEx estampados no perfil?

No fundo, Lulu é, essencialmente, uma bela inutilidade, mas, talvez, te tire de uma roubada ou te renda boas risadas com a criatividade feminina. Quanto aos meninos, não há o que temer se você é um #SemMedoDeSerFofo ou #CozinheiroDeMãoCheia. Assim como o papo depois do futebol pode ser sobre a trepada da noite anterior, as garotas também podem comentar sobre seus maus hábitos logo no primeiro encontro.

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