É preciso lembrar aos críticos de ocasião que o amor não é tema relegado apenas à música considerada brega. Pelo contrário, a dor de corno e a idealização da amante amada sempre estiveram presentes nos versos eruditos de Neruda, Drumond, Camões, Buarque, Bandeira, Russo, Veloso e porque não dizer dos nossos queridos Caio F. Abreu, Lispector e Rossi, sim nosso famigerado Reginaldo Rossi.
Agora parece valer mais tentar impor o seu gosto musical sobre o de uma outra pessoa. E essa segunda, tem de sempre ser taxada de burra, sem cultura, sem conteúdo, e a denominação mais preconceituosa: “BRAU”. Brau, que vem de “Brown” e se meu livro de inglês da 4ª série está certo quer dizer marrom, uma alusão a negritude favelada que curte,repercute, impulsiona os hits e mostra no molejo e na malemolência de sua melanina que os cisudos e metidinhos não sabem mesmo rebolar. Mas o contrário não é o mesmo, arrochar e ouvir pagode não impede ninguém de pensar. As coisas podem coexistir, ok malandrinhos acadêmicos?
Ainda preciso salientar que assim como escrevo este texto com uma intenção, as músicas são elaboradas, tocadas e executadas com uma finalidade também. Seja essa finalidade vender, fazer refletir ou apenas botar a galera pra dançar e lembrar os romances. Afinal, como diz a letra do arrocha: “amar é poder compartilhar um sentimento” e não tentar im-por o seu nos Ipod’s dos semelhantes.
Isto só denota como temos necessidade dos nos sentirmos parte do todo, como queremos que o todo pense do nosso jeito. E depois se o jeito alternativo de pensar virar moda você começa a desconfiar: “Hum, tem algo errado em Adele, ela virou tema de Griselda na novela das 8!”
Mas os hits do verão, do São João, do Réveillon e do ano todo, doem nos “corações ditatoriais” que não sabem conviver com os gostos alheios. Pronto, a batalha nos “facebooks” está lançada!
E aí vale disseminar qualquer coisa que te deixe mais intelectual: Criticar o Michel Teló, por exemplo, ou então compartilhar a foto em que implora para não comentarem o BBB no face e, mesmo assim, polemizar o caso “Monique”. Postar um vídeo da música nova de Maria Gadu também vale ou então daquela banda alternativa, fora do eixo.
Por fim? Odiar os autores e não os leitores deles, os quais atribuem qualquer frase “fodona” a autoria de algum consagrado. Afinal a beleza e a profundidade da frase estão no nome que vem após ela: Carlos Drumonnd de Andrade.
Posso dar-te um conselho? Quando estiver em coma de amor, escute as duas versões...
Tenho certeza que na voz nasal de Silvannão combina bem mais.
Um "tantinho" brau, mas muito mais legal!
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