A experiência humana é falha e, sem definição menos branda para isso, ridícula quando apenas serve para apontar defeitos, retomar passados e tecer julgamentos eternos sobre outras pessoas. Vejo esse fato se repetir tantas vezes ao longo de cada dia e em cada relação que estabeleço e de que participo, que fico um tanto chocado.
Mais especificamente, as falas de Xuxa no Fantástico do último domingo, dia 20, foram criticadas e, mais categoricamente, cobradas. ‘Faltou falar do pacto com o diabo’, ‘ela não disse da Playboy’, ‘não comentou do filme erótico que fez nem do seu caso com a diretora Marlene Matos’, ‘nos tornamos psicólogos de botequim ouvindo o discurso de Xuxa’, ‘a Globo quer nos engolir’. Vimos correr no Facebook imagens que tentavam alertar e ridicularizar sobre o assunto.
Diz-se ainda muito sobre o ocorrido, mas meu ponto central aqui é que a essência do homem fede ao insistir em histórias que possam denegrir a imagem do outro. Não saio em defesa das causas da apresentadora ou dela própria e de sua vida neste texto, não me proponho a isso. Trago apenas o que pode cheirar mal na experiência humana: a maledicência. Para tudo aquilo que não entendemos, que não conhecemos, criamos barreiras ou xingamentos e ódio, sem que isso crie em mim ou em você necessidade alguma de maior compreensão. Nem mesmo capacidade de sentir ou colocar-se no lugar do outro.
Imagem veiculada no Facebook
Como versa a música Estado de Sítio, do coletivo paulista de arte Frente 3 de Fevereiro, “uma série de pequenas maldades se destila em nossas almas e mentes”. É a dissolução do ódio em mínimos momentos. Em todos os momentos. E nos abastecemos disso para, contraditoriamente, continuarmos a viver. E me refiro mesmo a nós, que falamos mal da amiguinha, que criticamos a roupa da colega, que fazemos críticas sem fim sobre como ele leva a vida ou sobre o que ela faz e já fez na vida.
Parafraseando a frase do repercutido vídeo divulgado no Youtube quando falavam mal (já deixaram de falar alguma vez?) da cantora Britney Spears, digo para deixarem as pessoas em paz. A nós todos.
