sábado, 25 de janeiro de 2014

Porque POSITIVO é uma questão de ser


Chega a ser engraçado, se não revoltante, pensar que, mesmo depois de mais de trinta de anos desde os primeiros casos de manifestação do vírus da Aids, ainda estejamos em uma sociedade que toma posicionamentos tão diversos e irônicos quando se trata de encarar a doença. Se de um lado temos aqueles que parecem ter se acomodado diante das soluções da medicina moderna e acreditam que existe coquetel e tudo ficará bem, do outro, temos os de mente fechada e pensamento medieval que veem os soropositivos com nojo e repugnância, como leprosos do novo milênio.

Diante das perspectivas sociais diferentes em que as questões relativas à Aids podem se enquadrar, Daniel Sena se inspirou para dirigir e produzir a websérie Positivos que é exibida desde outubro de 2013 e voltou no dia 16 deste mês para sua segunda temporada. A série é uma ótima indicação para aqueles que buscam uma produção simples, com novas caras e novas ações que não caiam no engano das futilidades e do puro modismo da maioria do conteúdo veiculado na web.


Sem a carga dos estereótipos, “Positivos” constrói um universo que trabalha a história de quatro jovens soropositivos que moram juntos e formam um grupo de apoio para auxiliar outras pessoas que precisam conviver com a existência do vírus. O texto simples, baseado em situações reais, aliado à sintonia que existente entre os atores e os personagens que representam, torna toda a atmosfera da série fluida e divertida, apesar da carga dramática também envolvida. É mesmo difícil não se encantar pelas afinidades de Guilherme (Hugo Carvalho) e Bernardo (Pedro Quevedo), não rir dos diálogos carregados de Arthur (Pedro Massucatii) e Mirela (Amanda Amancio) e mesmo se apaixonar pela figura paterna e preocupada de Hernandes (Carlo Porto).

“Positivos” é uma produção independente e todo o trabalho envolvido, desde as técnicas de filmagem e produção à própria atuação, é realizado pelos próprios idealizadores e atores da série, sem quaisquer retornos financeiros. Até mesmo as músicas que embalam as cenas são produções de cantores independentes que cederam suas canções. Uma Vez, por exemplo, composição de Pedro Quevedo, é interpretada por ele e é tema de seu próprio personagem na série. 

Os envolvidos, mais que o propósito de divulgarem seus trabalhos, têm a pretensão de mostrar que, de todos os problemas enfrentados pelo soropositivo, nenhum deles se compara à dor do preconceito. É trabalhando essa ideia de combate ao preconceito que surgiu a campanha Adote Um Positivo, momento em que a ficção e a realidade que se misturam para dar apoio e esperança a quem pode tê-la perdido. 

Com equipe de produção e elenco maiores que na primeira, a segunda temporada da websérie promete ainda mais emoções. Aos que já acompanhavam a produção, a volta marca o retorno de personagens que já são vistos com um carinho especial. Aos que ainda não conheciam "Positivos", é tempo de correr e assistir toda a temporada de estreia antes de conhecer os novos personagens e encarar as novas emoções da segunda.

“Positivos”, como o próprio nome já sugere, traz ao público uma mensagem de coragem, fé e apoio. Afinal, o “positivo” escrito numa folha de exame pode trazer à tona todas as negatividades de cada passo mal dado, mas não anula todas as outras faces positivas de cada sonho que não precisa ser parado.

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