sexta-feira, 16 de março de 2012

Dica de cinema: Apenas uma vez



Nas ruas de Dublin, um músico de rua e uma vendedora de rosas se encontram ao acaso. Ele, frustrado por um amor que não deu certo, canta suas canções como um modo de fuga por sua profissão nada cativante – trabalha com o pai numa loja de concerto de aspiradores de pó – e por sua vida sem perspectiva. Ela, que vende flores para ajudar no sustento da filha pequena, se encanta com o talento daquele homem e insiste para ouvir um pouco mais daquele lirismo que escapa do violão danificado, quase como uma externalização de seus temores.


O enredo acompanha esses dois personagens, e com o aproximar de suas histórias, a jovem também mostra aptidão pra música. Não tendo condições financeiras para comprar um piano, seu hobbie se torna ir à loja de teste de instrumentos e tocá-los sempre que possível, e é num desses momentos em que a canção principal do filme, Falling Slowly, nos é apresentada. A intimidade entre esses dois estranhos que coincidentemente se encontram pelas ruas da cidade grande é sentida no momento em que expressam seus melhores sentimentos através de seus instrumentos. A conexão quase cósmica dele com o violão e dela com o piano resultam numa das canções mais belas que o cinema produziu, tendo, inclusive, levado a estatueta de melhor canção original.

Apenas umas Vez é uma história cotidiana, que tem Dublin como plano de fundo, mas que poderia ser escrita em qualquer cidade ou país do mundo. O filme encanta, principalmente, pela simplicidade e sinceridade de seus atores. Cantores por profissão, os protagonistas emprestam ao filme uma beleza que não está em coreografias bem trabalhadas, enredos surreais ou atuações de tirar o fôlego. O cotidiano, o comum, aqui, se tornam o elemento mais aplaudido dessa história, e a música une esses dois universos que passariam despercebidos por entre ruas aleatórias.

Uma ode ao amor platônico e aos súbitos encontros que a vida proporciona, Apenas uma Vez é um dos poucos filmes que assistidos pela segunda ou terceira vez, mantém a serenidade e o encanto como da primeira vez. É uma história quase real, de um quase casal, mas que se torna um belo panorama de quão belo pode ser juntar duas das melhores coisas que inventaram até hoje: o cinema e a música.

 






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