domingo, 6 de maio de 2012

A grande feijoada búlgara da Móveis Coloniais de Acaju



Com 14 anos de carreira, a banda brasiliense Móveis Coloniais de Acaju foi uma das atrações mais esperadas do Festival da Juventude nesse final de semana em Vitória da Conquista. E motivos não faltavam. Defensores das misturas musicais, o próprio nome da banda surgiu de um conflito histórico fictício em que índios e portugueses lutavam contra ingleses na Ilha do Bananal.

O Todavia conversou com André Gonzáles, Eduardo Borém e Beto Mejía ontem (5) depois da passagem do show dos meninos. As influências da Móveis, o contato com o audiovisual e a internet e, claro, a parceria com Leoni que resultou no show da noite foram assuntos da nossa conversa.

A Móveis intitula suas músicas como uma verdadeira “feijoada búlgara”, já que é uma mistura de música brasileira com ritmos europeus. Quais são as maiores referências de vocês?

A feijoada búlgara se refere ao primeiro disco e acho que a banda tem uma abertura, uma possibilidade de mudança, de diversidade, de transformação muito grande, principalmente porque todos os integrantes têm voz ativa dentro do processo. Cada um traz suas referências e elas vão se unindo a uma série de linguagens que já veio antes, como no primeiro disco, com o ska, o jazz, o jump swing. Acrescentamos na feijoada o leste europeu e no segundo disco a gente buscou uma coisa mais homogênea em termos de referências, para que elas não estivessem tão na cara e assim conseguiríamos criar uma identidade mais própria. Isso sempre gera resultados inusitados. Talvez nossa maior referência seja Brasília e toda sua mistura.

Vocês fazem parte de uma geração em que o audiovisual é importantíssimo e a gente percebe isso nos videoclipes da banda. Como que acontece o processo criativo?

Isso é engraçado e interessante. O nosso primeiro videoclipe, por exemplo, o Rolex, teve um investimento muito alto na época para o retorno que tivemos. Na época, canais como o Youtube não eram valorizados. A internet, por sua vez, foi ganhando uma força e a gente foi ganhando força com ela. Nessa relação com a internet, sempre buscamos a interação, que reflete a nossa própria postura no palco. Tempo, Dois Sorrisos, o teaser da nossa música que vai sair, Móvel... elas sempre partem de uma relação que a gente vem construir com o público, tanto para um resultado audiovisual, quanto para um lançamento de uma música. 

Móveis na passagem de som durante à tarde de sábado (5)

O Festival da Juventude tem essa programação diversificada, é gratuito, acontece na praça. Na opinião de vocês, qual é a importância dessas iniciativas?

Acho que a principal importância seria estar preocupada com a formação do público. O fato de trazer debates junto com artistas e uma programação bem diversificada já é muito interessante. Isso aliado a uma parte de formação mais cadeira, quadro-negro, que seriam os debates, super enriquece. Para o artista, é muito bom, porque às vezes a gente sente que as pessoas não gostam porque não conhecem determinado artista ou determinado estilo. Mas é importante que esse Festival não seja de uma maneira pontual, que seja a construção de um processo cultural. Ações como essas devem ser constantes, inspiradoras. Tomara que isso aconteça mais vezes. 

E o projeto Móveis Convida, como tem sido essa experiência?

É um projeto que já está na sua 13ª edição, foi mudando ao longo do tempo por “n” razões. A gente faz o Festival do jeito que a gente consegue ou do jeito que a gente quer – às vezes as duas coisas juntos. Mas tem sido uma experiência muito interessante, aprendemos muito sempre, tanto com o público, quanto com outros artistas. A gente sempre leva artistas que acabamos conhecendo na estrada, artistas que a gente gosta e que a gente acha que seria uma oportunidade tanto para o artista, quanto para o público estar ali naquele dia. Então, é ótimo, um orgulho fazer isso.

Móveis e Leoni (Foto: Arthur Garcia)

Falando dessas parcerias, vocês vão fazer um show hoje à noite com Leoni. Como foi que surgiu a ideia?

Leoni é um artista bem ativo e muito atuante não só da internet, mas dentro do cenário musical. Ele tem uma carreira consolidada e chegou à gente querendo produzir alguma coisa. Para deixar mais interessante e contemporâneo, a proposta chegou pelo Twitter. Ele mandou um tweet pra gente! Na verdade, isso começou com a discussão sobre direitos autorais, como isso é encarado hoje. A gente estava nessa discussão e nos posicionamos de uma forma que era bem parecida com a dele. Depois teve esse contato, a gente trocou afinidades artísticas e acabou saindo. Aí a gente fez essa música com ele, que se chama Dois Sorrisos, lançamos no ano passado, no Dia dos Namorados. Tivemos uma resposta excelente e, por incrível que pareça, essa é a primeira oportunidade que a gente vai ter de tocar juntos no palco, ao vivo. Quase um ano depois!

 






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