segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

“Confissões de Adolescente” podem se tornar descobertas


A tela se divide em uma, duas, três situações. Pedaços de conversas em forma de chat, notificações no melhor estilo das redes sociais e uma narração mais real impossível. Em algum momento, Tina (Shophia Abrahão) questiona a honestidade das postagens no Facebook quando a caixinha branca pergunta: “No que você está pensando?”. É, a adolescência é realmente a fase da vida em que a gente se preocupa muito mais no que os outros vão pensar em relação ao que a gente está pensando do que em qualquer tipo de postura que a gente queira assumir.

“Confissões de Adolescente” acompanha a vida de quatro irmãs em contextos e fases de vida distintas. Enquanto Tina corre em busca de sua independência fora de casa, Bianca (Isabella Camero) encara uma busca pela profissão ideal e o dilema de sua sexualidade. Já Alice (Malu Rodrigues) enfrenta a experiência da primeira vez com seu namorado, enquanto Karina (Clara Tiezzi), a mais nova, vive em seu mundo de informática e na “crise do patinho feio”. 

Surpreendentemente, o filme se apresenta de uma forma simples, engraçada e, sobretudo, honesta. Revelando situações que traduzem desde os dilemas dos pré-adolescentes até os vividos pelos quase adultos, o longa retrata as crises e amores de uma fase da vida em que o mundo parece ter dimensões ainda pequenas, mesmo que explosivas. Mas, é bom deixar claro: tudo isso faz parte de um ambiente formado pela classe média, no bairro da Tijuca no Rio.

Tudo soa muito nostálgico para quem já passou dessa idade. É como lembrar cada colega de colégio ou os amigos do condomínio. As rodas de “Verdade ou Consequência”, a pressão nas festinhas para perder o famoso BV (boca virgem), o dilema de escolher o futuro profissional com toda pressão familiar e, claro, as descobertas sexuais que poderiam mesmo ser como bolhas, estourando a todo e qualquer momento. As histórias não poderiam ser melhores roteirizadas por Matheus Souza (que também assina o encantador “Apenas o Fim”). O roteiro acelerado e dinâmico apresenta tão bem a intensidade com a qual os adolescentes encaram as situações da vida, assim como o excesso de informações e atividades que eles são obrigados a dar conta diariamente.

A trilha sonora é uma delícia só! Encanta ao trazer nomes da nova geração da música brasileira, como Tiago Iorc, Clarice Falcão, Mallu Magalhães e Silva, que figuram entre o encontro romântico e as conversas escritas na porta do banheiro do colégio em tom de poesia. Para abrilhantar ainda mais o tom musical, o som de “Baby”, composição de Caetano Veloso, intensifica a nostalgia presente nas falas finais de Paulo (Cássio Gabus Mendes), pai das quatro protagonistas, em um passeio pela orla carioca com as filhas.


Longe de ser um filme que marcará a história do cinema, “Confissões de Adolescente” é uma daquelas produções feitas para entreter, relembrar e, por que não, orientar. Mesmo que perca o tom na super moderna mãe vivida por Deborah Secco ou demonstre um pouco de superficialidade ao se propor apresentar inúmeros problemas ao mesmo tempo, “Confissões de Adolescente” revela uma coisa que parece ser mais forte na adolescência, mas que, certamente, é algo que levaremos por muitos anos: o desejo de se descobrir.

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