terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Oscar 2014 - 12 Anos de Escravidão, Gravidade e Trapaça


Como este ano não tem nenhum filme cansado concorrendo às principais categorias do Oscar, aceitei escrever para o Portal Todavia sobre as indicações da maior premiação de cinema do mundo. Porque ninguém, e muito menos eu, é obrigado a assistir "Cisne Negro", "O Artista" (só digo uma coisa sobre cinema mudo, preto e branco: NÃO) e "Les Miserables" (um sonífero).

Mas, vamos lá. Foram nove indicados, e hoje eu vou falar sobre três filmes. Depois a gente fala do resto para dar tempo eu ver os dois que faltam não ficar muito longo e cansativo. Pega a pipoca com sazon que lá vem história. 

1. 12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave) 


A crítica especializada e eu sempre temos opiniões diferentes, mas aqui a gente anda de mãos dadas: "12 Anos" é espetacular. O filme conta a história real de um negro americano no século XX que sempre foi livre, trabalhava como violinista para entreter os brancos e levava uma vida sossegada com a esposa e os dois filhos. Ele acaba sendo enganado por um povo que parece ser gente boa no começo, mas é sequestrado e escravizado por um proprietário de terras por 12 anos. 

O melhor do filme é que ele é cru. Não enfeita, não embeleza, não tem piedade, não tem Serena, de "Alma Gêmea", falando que na terra dela não tem maldade. Ele esfrega toda a violência e abuso da escravidão na nossa cara sem maquiagem. E choca. O silêncio grita mais do que a protagonista de "Ninfomaníaca" e nos emocionamos a cada injustiça (e, gente, são muitas!). O filme não suaviza, não recorre a drama bonitinho, e nem apela para um desfecho de novela das seis para tentar amenizar a mancha negra na história que foi a Escravidão. 

Destaques
Chiwetel Ejiofor ARRASA como o protagonista Solomon, mas não consegue superar Michael Fassbender e Lupita Nyong’o. Fassbender (Epps) está PUTAQUEPARIU MEU FILHO, QUE PORRA DE ATUAÇÃO É ESSA? Ele consegue passar toda a doença, obsessão, monstruosidade, desequilíbrio e ódio do seu personagem. A sua loucura com a crença da superioridade caucasiana incomoda muito e a gente só quer agarrá-lo pelo pescoço (mas com aquela barba ruiva, a gente agarraria pelo pescoço de qualquer forma). As cenas de acessos de raiva são formidáveis. Aplaudindo de pé! Atuação: 10. Barba Ruiva: 11.

Lupita Nyong’o (Patsey) ficou incrível como a escrava queridinha do patrão (mas, minha gente, essas mulheres brancas da Casa Grande não sabiam fazer sexo, não? Todo senhor de escravo teve que ir buscar prazer nos braço de uma morena na Senzala?). Patsey é humilhada de todas as formas e é responsável pela cena mais sofrida de todas: espancada nua até que as costas ficam descarnadas. 

Michael Fassbender e Lupita Nyong’o

O diretor McQueen faz um trabalho sem muito abuso de técnica exagerada. Sou sempre ruim para opinar sobre direção, e vi alguns chatos reclamando das escolhas artísticas do cara. Mas não importa. Ele é o terceiro diretor negro a concorrer ao Oscar e, se ganhar, será o primeiro vencedor, o que levará 12 Anos a fazer (ainda mais) história. 

Falha: Se vamos apontar uma falha, eu aponto o dedo na cara da atuação do Brad Pitt. O cara parecia engessado. Se fosse qualquer atorzinho bobo, talvez eu nem reparasse, mas se o Pitt aparece, a gente já quer ver o show. Sem contar que ele está envelhecendo mal, heim? 

Apostas e Torcidas
12 Anos é a minha maior aposta e a minha maior torcida. Se ganhar, vocês me liguem contando, porque o Oscar é bem no domingo de Carnaval, e com toda certeza vou estar bêbado em algum canto desta Bahia. Há riscos de perder, porque a corrida ficou muito grande e realmente tem muita coisa boa. Pode acontecer como "Lincoln" ano passado: muito bafafá e pouco prêmio. Tomara que não. McQueen também pode perder, porque a galera está babando muito pelo Cuarón, que filmou "Gravidade". 

2. Gravidade (Gravity)


Quando eu soube que Bullock ia carregar nas costas um filme no espaço, eu pensei: NÃO. Não vai funcionar. Carregar um filme sozinho nem sempre funciona. Deu certo com "Náufrago" (palmas para Hanks e para bola de vôlei), e deu super errado com "Eu Sou A Lenda" (Will Smith, cansadíssimo). 

Mas "Gravidade" superou minhas expectativas. O filme conta a história de um astronauta experiente (Clooney, cinquentão, e muito melhor que vocês todos) que está em missão juntamente com a doutora Ryan (Bullock). Ambos são surpreendidos por uma chuva de destroços e jogados no espaço sideral. Sem apoio nenhum da galera aqui da Terra, eles precisam encontrar um jeito de sobreviver lá no meio do nada, sem esperança, sem oxigênio, sem cupcake de chocolate, sem Yakult, sem sexo, sem toalha (quem mandou não ler O Guia do Mochileiro das Galáxias?). Ou seja, o jeito é ficar lá até encontrar o planeta do Pequeno Príncipe, que a essa altura do campeonato já saiu do armário e, ao invés de uma flor, vai estar cultuando um pôster da Lady Gaga.

O filme ganha pontos porque a gente consegue acompanhar e viver a aflição da personagem principal, acompanhando de perto. Aplausos para a respiração de Sandrinha que deixa a gente sem fôlego. A tensão faz o seu papel em vários momentos de "Gravidade" e aqui, como em "12 Anos", o silêncio pela vida tem um grito ensurdecedor. 

Destaques
Palmas para o diretor mexicano Alfonso Cuarón. Ele consegue criar uma história em um ambiente totalmente invisível, sem nada acontecendo ou que empolgue: o vácuo. Se ganhar, Cuarón (que dirigiu "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban") será o primeiro diretor latino-americano a ganhar a estatueta.


Sandrinha tem seus momentos. Não falo mal também, porque super vou com a cara dela. Os efeitos sonoros também foram incríveis, principalmente nos momentos dramáticos. Atuação de Clooney: 8. Charme de Clooney: 10.

Falha: Alguns chiaram e apontaram vários erros no filme. Aquela coisa chata de que “não é bem assim que acontece lá no espaço”, blábláblá, mas que realmente deve ser considerado. Segundo os astronautas, o cabelo de Sandra teria que ficar em pé. Também falaram de erros com leste, oeste, velocidade e um monte de treco lá que não me interessa. 

Apostas e Torcidas
O filme pode levar muitas estatuetas, principalmente no pacote técnico que eu não vou nem comentar porque não entendo nada sou obrigado. Se ganhar Melhor Filme, será surpresa para mim, porque não acho muito a cara da Academia. Mas, sei lá, aquele povo já deu Oscar para "Rocky Balboa" no lugar de "Taxi Driver". 

Acho que Cuarón pode ganhar porque ele foi inovador e ousado. É uma categoria que não estou torcendo muito para alguém em especial, e não ficaria triste se a estatueta fosse para ele. 

3. Trapaça (American Hustle)


Trapaça reúne Christian Bale, Jennifer Lawrence, Amy Adams e Bradley Cooper. É desses filmes que a gente já garra amor por causa do elenco e já vamos assistir cheio de carinho e pipoca. O filme é inspirado em uma operação do FBI lá pelos anos 70/80, em que dois vigaristas são forçados por um agente a colaborar com uma operação policial para desmascarar políticos corruptos. 

Eu ri muito com o filme. A Academia tem super preconceito com comédias, mas o brilhantismo das atuações e do roteiro de Trapaça supera qualquer receio. Diálogos são incríveis e todos estão impagáveis fazendo essa galera maluca e mentirosa. O filme é rápido, dinâmico e mostra um mundo que gente do bem como eu (sou quase um anjo) desconhece. É tipo política brasileira mesmo, mas com atuações mais convincentes do que a de José Dirceu. 

Destaques
Detesto assumir isso porque tenho horror com as putinhas do Nolan, mas o Bale (que vocês conhecem por causa do Batman) está sensacional. Que atuação incrível! Ele é o filme. IMPAGÁVEL também a ponta do Robert De Niro como um mafioso. Interpretei como uma homenagem do diretor David O. Russel ao Scorsese. Digno e lindo. 

A propósito, Russell é um diretor que garra amor pelos atores, não é? Ele já trabalhou anteriormente com o quarteto em filmes memoráveis. "O Lado Bom da Vida" rendeu Oscar para J-Law, e Bale ganhou por "O Vencedor", inclusive. E, importante: de todos os filmes do Oscar, "Trapaça" é o único que está concorrendo em todas as categorias principais, e ainda nas de atores coadjuvantes. Isso é um feito e tanto e só mostra sincronia de equipe.


AMY ADAMS, CASA COMIGO, SUA LINDA. TE AMO. Olha, que mulher fabulosa, e está incrível. Super fiquei a fim da sua personagem e achei toda condução interessante. E a caracterização? MORRI no figurino, porque AMO aqueles exageros dos anos 70 (inclusive já quero festa inspirada no filme para eu usar topete). A trilha sonora também é só amor.

Falhas: O MAIOR ERRO DO FILME: eles enfeiaram o Bale e o Cooper. SOCORRO! Devolvam a cara linda dos dois.

Saudades beleza!

Gente, eu AMO a Jennifer Lawrence. Amo mesmo. Ela é a menina da hora de Hollywood e eu aplaudo de pé tudo o que ela faz. Só que, intencional ou não, achei que exagerou em algumas cenas. Entendo que o filme é muito de sátira e blábláblá, mas ficou muito pendente para a caricatura. O mesmo acontece com algumas cenas do Bradley. 

O filme diverte e os diálogos são geniais, mas eu não fiquei “o louco do filme”. Percebo muita inspiração em Scorsese, mas sem o charme de enfiar a gente dentro da história e arrepiar com as cenas, tipo Os Infiltrados.

Apostas e Torcidas
Acho que não ganha nem para Melhor Filme e nem para Melhor Diretor. Mas acho que leva Melhor Roteiro Original. Mas vejam porque é bom.

Então, hoje escrevi sobre os três filmes com mais indicações no Oscar 2014. No próximo texto, eu venho com "O Lobo de Wall Street", "Capitão Philips" e "Ela". Fiquem ligados. E agora podem parar de comer pipoca com sazon para não ficar com aquela barriga do Bale.

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