Amor Confesso: quando a tragédia vira riso

Enquanto muita gente aproveitava o fim do expediente da última sexta (28) para dar início aos trabalhos do fim de semana tomando uma cervejinha por aí, um grupo considerável de pessoas lotou o Teatro Carlos Jeovah, em Vitória da Conquista, para assistir ao espetáculo “Amor Confesso”, encabeçado pelos atores Claudia Ventura e Alexandre Dantas, da Cia Falácia (RJ). Esta foi a única apresentação na cidade, onde o grupo encerrou a turnê que realizava pelo interior do Nordeste. 

No palco, um cenário minimalista e um casal prestes a se casar. Em meio as incertezas do casamento e a apreensão da vida a dois, a dupla apresentou oito contos do escritor maranhense Arthur Azevedo que, no intuito de celebrar a união matrimonial, colocam contra a parede princípios conjugais como a fidelidade e o amor verdadeiro. No entanto, é da trágica vida dos personagens que Claudia e Alexandre extraem a comicidade presente do início ao fim do espetáculo.

Em cena, eles são muitos e costuram em si as características tão marcantes de cada personagem. Ancorados também pelo pianista Roberto Bahal e pela riqueza incontestável da música popular brasileira, a dupla transforma os infortúnios, as desilusões e as traições expostas na literatura de Azevedo em motivo de gargalhadas incessantes. 

O ritmo do espetáculo e a velocidade com que cada personagem “entra” em cena não permitem que a platéia se prenda a nomes. O que marca é a versatilidade com que os atores transitam entre as expressões que moldam cada um deles. Eles surgem num único fôlego e partem entre lágrimas, corações partidos e raros beijos de amor. 

A produção foi feita para agradar e não abre espaço para semblantes tristes ou arrependidos no final. “Amor Confesso” é o reflexo de como a vida e a arte andam juntas e de como a vida, ainda que trágica, é um prato cheio de sensações a serem experimentadas no palco. No fim das contas, tantos desenganos acabam por permitir que se pense no amor como o fio condutor de qualquer relacionamento.