segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Papo de Menina - Sobre saúde e vaidade


A mulher e seu corpo têm uma relação especial. Não que homens também não tenham, ou que todas as mulheres sejam assim, mas, por um plano geral, a vaidade está associada à figura feminina muito fortemente. A gente se espelha em ideais de corpos perfeitos mesmo quando acreditamos não ser influenciados por eles. Por mais que a gente tente fugir das armadilhas do “corpo ideal”, somos bombardeados o todo tempo com imagens que nos fazem crer que existe sim um modelo a ser seguido e que não seguir a esse modelo é estar fora dos conceitos de beleza.

É comum sentar com amigos e o debate sobre quantas calorias consumiram por dia, quantas vezes por semana frequentam a academia ou quais hábitos precisam ser modificados para se obter uma vida com qualidade tomar conta dos encontros. Não sei se isso tem alguma relação com o momento atual que o mundo atravessa ou se tudo é fruto das postagens do Instagram e Facebook com suas famigeradas hashtags “no pain no gain”. Mas, de fato, vivemos um momento de valorização do estilo de vida magro e saudável. Só no resta questionar: até quando podemos delimitar a linha tênue entre saúde e vaidade?

Esse debate sobre corpo perfeito é um tanto quanto pessoal pra mim, que passei por uma cirurgia bariátrica há um ano e que hoje me rende menos 35 quilos no peso da balança, e nas costas também. Sim, para mim, tamanho 42 não é gorda! Não pelos mesmos motivos da personagem do romance de Meg Cabot, mas porque, de verdade, estar 10 quilos acima do peso (e não 50) é uma preocupação menor, se é que me entendem. Prefiro me preocupar com celulite e estria do que com gordura no fígado, por exemplo. Estou longe de ter o corpo que queria, mas muito perto do corpo que preciso. 


Devo fazer parte dos 10% de mulheres que não ligam para isso (essa estatística é imaginária, não tem nenhum dado que comprove esse número), mas talvez isso aconteça porque passei tanto tempo me preocupando com as taxas oscilantes dos exames de laboratórios que essas marcas mais me parecem cicatrizes. Preferia não tê-las, mas não baseio a minha vida e o meu cardápio só porque elas insistem em me perseguir. 

Todas essas questões me fazem pensar: qual é o corpo que precisamos? O de Gisele Bündchen ou o nosso mesmo? Independente de quanto peso você precisa perder ou ganhar, o único corpo que você vai ter é o seu. Então, é melhor se acostumar com ele mesmo. E por acostumar não quero dizer acomodar, mas entender que cada corpo tem uma simetria e forma única. Parece clichê, mas é verdade: não existe um corpo igual a outro.

Depois de ter visto os dois lados da moeda, afirmo que prefiro ficar aqui, entre os quase magros, ainda que alguns quilos acima do peso, acima do aceitável, acima do padrão. Confesso que ainda não estou satisfeita com o corpo que tenho, mas estou perto. Vamos ser sinceros: quem aqui de fato sempre se olha no espelho e não percebe um defeito, mínimo que seja, e pensa, mesmo que por instantes, em ser um pouco diferente? Eu, sinceramente, não acredito em pessoas que se olham no espelho e gostam de tudo que veem. Encontrar um defeito que seja é o que denuncia nossa qualidade humana, de sempre estar em busca da satisfação mesmo que a satisfação de fato nunca chegue. 

Mas é preciso ter em mente uma coisa: preocupe-se com seu corpo, mas não seja refém dele. É aqui que se deita o limite sobre saúde e vaidade, sobre ser saudável ou obsessivo. Quando a sua imagem passa a ter mais importância do que qualquer outro aspecto em sua vida, eu tomaria alguma providência, antes que seu corpo tome conta de você, e não o contrário.

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