quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

De Mala e Cuia - Cheers!


Talita Marins é jornalista e uma baiana bem decidida. Apesar de trabalhar com o que gostava, a satisfação em exercer a profissão não foi suficiente para prendê-la ao Brasil. Há alguns meses, Talita resolveu abrir mão da rotina e partir em busca de um grande sonho. Sabe onde? Na Irlanda! E é lá que vamos embarcar para mais um “De Mala e Cuia”!


"Sempre sonhei em rodar o mundo. Conhecer novos lugares, novas pessoas e, principalmente, novas culturas. Acho que era meu espírito repórter aflorando desde cedo. Mas, o tempo foi passando e depois que você passa dos “20”, começa aquela cobrança de sempre: família, sociedade, você mesmo... O mundo querendo que você obtenha sucesso (leia-se dinheiro pra se sustentar sozinho). Então, peguei meu canudo de papel e fui me jogar no mercado de trabalho como jornalista. 

Cheguei aos 25 e mesmo com tanto esforço e trabalho, depois de pagar as contas, a única coisa que me sobrava era a satisfação de trabalhar com o que eu gostava. Foi aí que comecei a me questionar se estava no caminho certo. Cheguei à conclusão que não. Resolvi jogar tudo pro alto, arrumar a mala, pegar a cuia e partir para a realização daquele sonho que tinha deixado guardado em algum lugar. Mas para onde ir? Há um tempo resolvi fazer intercâmbio para o Canadá, mas veio a crise do dólar e nada feito! Voltei a pesquisar os destinos possíveis, quando me deparei com outro sonho de infância: a Irlanda!


Hoje, a Ilha Esmeralda, como o país também é conhecido, é destino de muitos brasileiros. Ocupamos o segundo lugar em número de imigrantes, só perdemos para os indianos. O que traz cada vez mais brazucas para cá são principalmente 3 fatores: facilidade em se obter o visto, a possibilidade de trabalhar legalmente e o custo do pacote de intercâmbio que é mais barato em relação a outros destinos.


Mas, eu sou uma exceção a essa regra. Cheguei aqui em junho de 2013, mas foi por culpa da minha paixão por esse país. Meu primeiro contato com a cultura irlandesa foi por meio de uma fita cassete, na infância. A fita emprestada por uma professora de ballet (para quem não sabe, tenho formação em ballet clássico), trazia um espetáculo chamado Riverdance. Na época, sem ter acesso ao Google ou Youtube, tudo que eu sabia era o que dizia no vídeo: um espetáculo com conteúdo céltico, produzido na Irlanda, e predominantemente com bailarinos e músicos irlandeses. Lembro de ter assistido aquele vídeo na companhia do meu pai pelo menos umas 50 vezes! 


Emotiva que sou, chorava de êxtase todas as vezes que via aqueles bailarinos dançarem com tamanha agilidade e sincronia, e prometi a mim mesma que um dia aprenderia a dança irlandesa. E eu cumpri minha promessa. Após 7 meses vivendo aqui, comecei, há 3 semanas, ensaiar os meus primeiros passos da dança. Posso contar? É muito difícil, mas estou amando. Pra variar, uma das minhas maiores emoções que vivi aqui, foi conhecer parte dos dançarinos do Riverdance em uma apresentação deles nas margens do rio Liffey, o rio que inspirou o nome do grupo. 


Outro ponto que me encanta aqui é todo lado místico que a Irlanda possui. Apesar de ser, atualmente, um país extremamente católico, há quem considere a ilha o "berço da magia". Essa denominação tem origem no povo celta que habitou o país há milhares de anos, que praticavam o paganismo e cultuavam diversas divindades ligadas à natureza. Essas práticas deram origem a uma religião conhecida como Wicca. A "bruxaria" foi tão importante na Irlanda, que pouca gente sabe, por exemplo, que o Halloween é uma festa originalmente irlandesa. 

Durante boa parte da minha adolescência, pesquisei e pratiquei Wicca, comprei vários livros e acredito em muito do que os ensinamentos wiccanianos pregam. Além da dança, respirar um pouquinho do ar celta me encheu de vontade de me mudar para essa tal ilha mística. E sim, aqui eles também acreditam nos duendes (leprechauns)! Lembram aquela história do pote de ouro no fim do arco-íris? Ainda não vi nem um leprechaun, mas tem muito irlandês que jura de pé junto que essas criaturinhas andam soltas por aí. Eu ainda não achei nenhum duende, muito menos pote de ouro, mas espero ter muito e muito tempo pela frente em terras irlandesas para isso. 

Cheers!"


“Cheers” é uma das expressões mais utilizadas pelos irlandeses. Tem vários significados e pode ser usada para comemorar, como agradecimento ou até para dar tchau. 


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