terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Papo de Menina - Meu amor da vida inteira



“A gente vai casar" - foi o que eu disse aos 14 anos quando um adulto me perguntou como ia meu namoro. Ele riu do que eu disse na hora, mas 9 anos mais tarde ele recebeu o convite do nosso casamento. Talvez você estranhe uma adolescente falar de casamento, mas o fato é que eu sempre namorei para isso: reconhecer ou não naquela pessoa o meu futuro marido. Sem essa finalidade, o namoro não tinha qualquer importância pra mim.

Eu o conheci quando eu tinha 7 anos de idade. Ele frequentava a mesma escola e igreja que eu. Pouco tempo depois, ele se tornou o melhor amigo do meu irmão – eles eram colegas de sala na época. Fomos vizinhos de rua durante algum tempo e eu me apaixonei por ele. Seu jeito engraçado e leve de ser criança me fazia querer tê-lo por perto. Ficamos íntimos e ele deixou de ser apenas o “melhor amigo do meu irmão” pra ser meu melhor amigo. O primeiro pedido de namoro foi aos 11 anos (ele tinha 14) e foi feito por intermédio do meu irmão. Aceitei, me arrependi no dia seguinte e pedi pra que meu irmão fosse lá dizer que eu não queria mais (haha, eu tinha medo de beijar na boca). Desde então, nos tornamos ainda mais próximos. 

Mudei de casa, fui para longe, mas ele sempre ia me visitar. Adorava nossas conversas intermináveis. Ele era meu amigo e psicólogo. Foi o meu primeiro professor de violão e quem me fez enxergar quem eu era de verdade. Ele foi a primeira e única pessoa a me dizer "em você eu cumpro a palavra que diz: 'ame o próximo como a você mesmo'". Ele me amava e não tinha vergonha de dizer. Nos escrevemos milhares de cartas e cada uma delas era um derramar de alegria e tranquilidade ao meu coração. Um dia, em uma de suas visitas, ele se ofereceu para lavar os pratos em meu lugar. No mesmo instante, eu disse: "Menino, eu vou casar com você!" Haha. Desde então, assinávamos as nossas cartas assim: "Da sua futura esposa" e "Do seu futuro esposo".


Começamos a namorar quando eu tinha 14 anos e ele 17 e o namoro durou 2 anos e meio. Após o término, nos afastamos um pouco e eu sentia falta de sua amizade, daquela que tivemos na infância e começo da adolescência, uma cumplicidade que não tive com mais ninguém. Que bom que ele também sentiu. Quase 2 anos após o término começamos a nos reaproximar. Ele havia entendido que era eu, que não havia mais ninguém, mas eu ainda precisava de um tempo pra chegar a essa compreensão. E ele foi paciente. Esperou por mim um ano e investiu em nossa amizade tão bem que não deu outra: me apaixonei novamente. Voltamos a namorar em 2009 e desde o começo já sabíamos o que queríamos: nos casar, passar o resto da vida juntos cuidando um do outro.

Falar de casamento nos dias de hoje é encarar um assunto um tanto quanto controverso. Embora não haja uma pessoa se quer que eu conheça que queira ficar só, há uma grande rejeição ao casamento, especialmente se você quer se casar jovem. Ninguém quer viver sozinho. Esse é o princípio básico da sociedade. Vivemos juntos porque é melhor estarmos juntos, porque precisamos do outro para sermos completos. Enquanto seres sociais, temos necessidade de fazer parte de uma família, de estar com alguém e de constituir nossa própria família.


Mas, então, qual é realmente o problema com o casamento? São os exemplos reiterados de fracasso, divórcio, separação e todos os efeitos negativos que isso possa trazer sobre a família? Serão as dificuldades que todo casal enfrenta para acertarem seus ponteiros, estabelecerem as regras da relação e entenderem as diferentes educações familiares que receberam? Acredito que os exemplos que vemos tem profunda relação com nossas opiniões, mas eles não as determinam. Sou filha de pais separados e, graças a Deus, essa não é a minha ideia de casamento. Nunca tive medo de casar por causa disso. Sempre me preocupei em escolher a pessoa certa e em estar consciente de que sou responsável pela manutenção da minha relação. O futuro dela depende das minhas ações e das do meu cônjuge. O que percebo hoje nas pessoas é um crescente egoísmo e preocupação exagerada com seus próprios interesses; uma desesperança de que as coisas podem dar certo e uma falta de referencial. Você não é refém dos exemplos que você tem ao seu redor, você pode ser diferente, sua história pode ter, não só um final, mas um começo e um meio feliz.

Nós noivamos em março de 2012, 6 meses antes do casamento. No primeiro momento em que dissemos que íamos nos casar, percebemos uma reação imediata de algumas pessoas que, talvez por sua própria experiência de fracasso, não poupavam palavras ou opiniões negativas a respeito. Ouvimos coisas do tipo: "Mas vai casar assim tão nova?"; "Se prepara, minha filha!"; "Casar já? Vai curtir a vida, menina!"; "No começo é tudo ótimo, depois..."; "Quero ver depois de um ano!"; "Você só vai conhecer ele depois, minha filha, aí você vai ver quem ele é de verdade"; "Casar como se você não sabe nem cozinhar?"; "Ih... Cuidado, viu? Todo mundo que casa, engorda". 

Fazíamos questão de responder a cada uma dessas frases com educação, mas seguros do que queríamos e acreditávamos. Iríamos nos casar porque nos amávamos muito, tínhamos certeza de que era a pessoa certa e tínhamos toda uma história de amizade e fé para sustentar a nossa relação, além de um forte compromisso de fidelidade e cuidado um com o outro. E quer saber? Aprendi a cozinhar e ele teve grande participação nisso (ele sempre cozinhou muito bem :9), emagrecemos depois de casados, procuramos estar sempre em forma e agradando um ao outro (obrigada pelos incentivos, amor! :*); não tivemos surpresa alguma depois que nos casamos por que já nos conhecíamos muito bem - tanto os defeitos quanto as qualidades; estar ao lado de quem se ama e ter a segurança de que os dois estão engajados em fazer com que isso dure para sempre é a melhor forma de curtir a vida ("melhor serem dois do que um"); já sabíamos, e confirmamos, que a questão não é a idade com que se casa, mas a maturidade que se tem para assumir tal compromisso; e, por fim, temos hoje 1 ano e 4 meses de casados e estamos MUITO bem, obrigada!

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